segunda-feira, 25 de março de 2013

  Narguilé é um cachimbo de água utilizado para fumar. Além desse nome, de origem árabe, também é chamado de hookah (na Índia e outros países que falam inglês), shisha ou goza (nos países do norte da África), narguilê, narguila, nakla, maguila, arguile, naguilé etc. Há diferenças regionais no formato e no funcionamento, mas o princípio comum é o fato de a fumaça passar pela água antes de chegar ao fumante. É tradicionalmente utilizado em muitos países do mundo, em especial no Norte da África, Oriente Médio e Sul da Ásia.
                                         


ORIGEM

  O Narguilé tem origem no Oriente. Uma das versões é a de que o narguilé teria sido inventado na Índia do século XVII, pelo médico Hakim Abul Fath, como um método para retirar as impurezas da fumaça. Quando chegou à China, passou a ser utilizado para fumar o ópio, e assim permaneceu até a revolução comunista, no fim da década de 1940. Na mão dos árabes, o cachimbo de água foi rapidamente incorporado para ser apreciado em grupo, acompanhado de café e prosa. Existem evidências históricas de narguilés na Pérsia e na Mesopotâmia. As peças mais primitivas eram feitas com madeira e um coco que fazia o lugar do corpo (o nome origina-se do persa nārgila, que significa "coco").
  As cruzadas também auxiliaram a espalhar o narguilé pelo mundo, quando os guerreiros sobreviventes traziam-no para seus países. No Brasil, o narguilé foi trazido por alguns imigrantes europeus, e divulgado pelas colônias turca, libanesa e judaica.

FUNCIONAMENTO

  Quando se aspira o ar pela mangueira, reduz-se a pressão no interior da base; isso faz com que ar aquecido pelo carvão passe pelo tabaco, produzindo a fumaça. Ela desce pelo corpo até a base, passa pela água, onde é resfriada e filtrada, que retém partículas sólidas. A fumaça segue pela mangueira até ser aspirada pelo usuário e expirada logo em seguida.
 
FUMO

Há um tabaco especial para narguilés, conhecidos popularmente como essência, usualmente feito com tabaco, melaço (um subproduto do açúcar) e frutas ou aromatizantes. Os aromas são bastante variados; encontra-se de frutas (como pêssego, maçã-verde, coco), flores, mel, e até mesmo Coca-Cola, Vinho e Red-Bull. Também é possível encontrar essências não-aromatizadas, estas progressivamente perderam espaço para as aromatizadas, que hoje são muito mais populares.

ESTRUTURA

  • Base (jarro ou vaso): peça central do narguilé; assemelha-se a um vaso. É onde se coloca a água (ou, embora não seja tradicional, com outros líquidos, como arak, sucos ou essências naturais). Geralmente é feita de vidro, metal ou cerâmica; algumas são ornamentadas com desenhos.

  • Corpo: peça cilíndrica que sustenta o fornilho e conecta-se à base. Na base, projeta um tubo para dentro da água, que conduz a fumaça.

  • Fornilho (rosh, cabeça ou cerâmica): peça de barro ou cerâmica onde coloca-se o tabaco e, por cima deste, o carvão em brasa.

  • Abafador (laminito): Artefato em metal (muitas vezes descartados), geralmente alto para proteger a brasa do vento, evitando o consumo rápido do carvão.

  • Mangueira (condutor): é por onde se aspira a fumaça. Uma ponta termina numa piteira, e a outra encaixa-se na parte superior do corpo do narguilé (acima da água). Pode haver mais de uma mangueira para que várias pessoas fumem juntas (porém estes com válvulas especiais, ou do contrário os usuários não poderão "puxar" a fumaça simultaneamente). Em narguilés usados em locais públicos, como bares, freqüentemente usa-se uma peça plástica removível na ponta da piteira, que pode ser lavada ou descartada a cada uso, ao contrário da mangueira em si, que não deve nunca ser lavada, pois pode oxidar, criando assim partículas de fuligem, que atrapalham a aspiração da fumaça.

  •  

    MAL A SAÚDE

    Participar de uma sessão de fumo de narguilé por uma hora equivale a consumir cerca de cem cigarros, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A informação faz parte de uma série de dados divulgados pelo instituto sobre o produto nesta quarta-feira (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo.

    Além de incluir 4,7 mil substâncias tóxicas presentes no cigarro comum, o fumo do narguilé, um tipo de cachimbo oriental, possui concentrações superiores de nicotina, monóxido de carbono, metais pesados e substâncias cancerígenas, de acordo com o instituto.

    Quase 300 mil pessoas em todo o país consomem o narguilé, segundo a Pesquisa Especial sobre o Tabagismo (PETab), realizada pelo Inca junto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número, contabilizado em 2008, equivale a uma cidade do tamanho do Guarujá, no litoral de São Paulo, também segundo dados do IBGE.

    O pneumologista Ricardo Meirelles, da divisão de controle do tabagismo do Inca, ressalta que o uso de água no recipiente do narguilé proporciona uma sensação agradável aos usuáros, mas que mascara a quantidade de toxinas inaladas.

    A presença da água "faz com que se aspire ainda mais a fumaça, dando a impressão que o organismo fica mais tolerante, o que é errado", pondera Meirelles em nota enviada pelo Inca.

    Em uma hora, uma pessoa chega a dar mil tragadas em um narguilé. O processo gera uma fumaça inalada igual a uma centena de cigarros comuns ou mais, segundo o pneumologista.


    Estudantes

       Entre os estudantes de cursos de saúde, uma pesquisa aponta que mais de 55% dos que declararam ser fumantes de produtos de tabaco além do cigarro comum admitiram usar o narguilé. O número sobe para 80% se for considerada só a cidade de São Paulo, segundo o estudo.

      Realizado em três capitais (São Paulo, Brasília e Florianópolis), o levantamento mostra que a situação do fumo entre universitários na área de saúde é preocupante, segundo o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini.

    Algo mais

      O bar medieval Mitellalter, localizado na 203 Norte, oferece várias opções de narguilês no cardápio. Seu proprietário, Caio Rébula, garante que a informação da OMS não é aceitável. "A fumaça é fria, a nicotina e o alcatrão são diluídos na água. Só por isso, já dá pra saber que não faz mais mal do que o cigarro normal", afirma. Caio não caracteriza o uso do narguilê como vício, pois as pessoas viciadas em tabaco fumam mais e diariamente. "O volume de toxinas é maior, a lógica é de que o cigarro faz mal, e não o narguilê" comenta Caio.            

      Luísa Esteves, 18 anos, é filha de diplomatas e morou três anos na Malásia. Foi lá que se habituou a fumar narguilê. Para Luísa, que usou o cachimbo dágua pela primeira vez aos 15 anos, o hábito não faz mal. "Lá existe narguilê em quase todos os bares, as pessoas fumam em várias ocasiões. Eu saía com amigos e ia fumar nos bares da cidade", diz a estudante. Luísa ainda não comprou um aparelho de narguilê e fuma com amigos uma vez a cada dois ou três meses.

      A estudante Gabriela Kolling, 18 anos, fuma narguilê sempre que pode, também com um grupo de amigos. Ela não tem um aparelho em casa e fuma cigarros comuns. "Não me importo muito. Dizem que vou morrer por fumar a toda hora, mas eu não ligo. Eu gosto."

      Na Feira dos Importados, a loja Rei do Arguilê é especializada na venda do fumo e de peças para o narguilê. Um dos proprietários, Clemar Afonso da Silva, afirma que o cachimbo faz mal, mas não muito. "As taxas de monóxido de carbono e alcatrão são mínimas, e a nicotina ainda é filtrada na água." Clemar diz que as vendas vão bem. Todos os dias, ao menos um aparelho de narguilê é vendido na loja.

      A publicitária Lia Artiaga, que comprou há dois anos um aparelho de narguilê com uns amigos, afirma desconhecer os males causados. "Tem tempo que não fumo, o que é bom, já que faz tanto mal. Normalmente fazemos festinhas em casa mesmo, e juntamos os amigos para fumar o narguilê".